24 de agosto de 2014

Deixa ela entrar, de John Ajvide Lindqvist

 Sinopse: O jovem Oskar tem uma vida difícil. Primeiro, mora no subúrbio de Estocolmo com a mãe. Depois, seu pai é um bêbado que nunca aparece em casa. Para completar, o garoto de doze anos é perseguido por uma gangue violenta de idiotas da escola. A história se passa nos melancólicos anos 1980 (...). Mas Oskar tem uma boa amiga, Eli, sua vizinha. Eli é uma vampira.
 Por diversos motivos (...), Deixa ela entrar já é um clássico moderno do terror. Congelados no tempo, os relatos do gênero não incluíam, claro, problemas dos dias atuais, como o bullying ou a dependência de drogas.
 (...)
 Neste livro a perseguição sofrida por Oskar ocorre em cenários amplamente conhecidos: a escola, o pátio do condomínio, o ginásio de esportes, locais comuns das metrópoles. Esta história poderia acontecer com qualquer um de nós, daí parecer tão terrível. (...)
 Isso se deve à situação fragilizada na qual Oskar se encontra: meio abandonado pelos pais, sem amigos e solitário. Mas Håkan, o pedófilo encarregado de arranjar a provisão de sangue de Eli, uma vampira de duzentos anos num corpo infantil, também está só. Assim como Eli, que impressiona por sua humanidade. Ela está ainda mais sozinha, pois depende de boa vontade dos homens.
 E, como sabemos, a bondade não é exatamente uma característica humana. Em meio ao inverno opressor da sinistra Blackeberg, Oskar se une à ambivalente Eli em busca de uma solução - de qualquer solução. Com este romance o autor sueco John Ajvide Lindqvist conseguiu a proeza de interpretar o estado de alienação que é a adolescência, ao mesmo tempo que compôs uma fábula contemporânea sobre a alteridade representada pelo monstro.

 Aviso: Tentei evitar ao máximo colocar Spoilers, mas talvez tenha um ou outro. Você foi avisado.

 Opinião: Antes de começar a falar sobre o livro: a sinopse ficou grande, mas achei relevante colocar o que Joca Reiners Terron escreveu sobre o livro (e que compõe a sinopse do mesmo); mas cortei algumas coisas que não achei relevante, por isso das reticências dentro dos parênteses. Eu fiquei sabendo desse livro através de dois vlogs: o TINY little ThInGs, da Tatiana Feltrin, e o Lido Lendo, da Isa Vichi; e fiquei muito curioso para lê-lo, ainda mais se tratando de vampiro clássico, aquele que bebe sangue só de humanos e pega fogo se um raio de sol encostar em sua pele, vampiro estilo Drácula (que por sinal eu não li e não sei se algum dia lerei, não me interessa muito).
 Não irei fazer um pequeno resumo do livro aqui por que tudo o que acontece no começo do mesmo está na sinopse acima, então se eu falar serei repetitivo. Só alguns personagens não estão na sinopse, e que no começo não possuem muita importância, mas que no decorrer da história ganham um "papel principal", se posso dizer assim, e são muito importante no final do livro. Para saber mais, leia o livro. Lacke é um desempregado que vive de bicos e das coisas que vende, como por exemplo uma coleção de selos que vende aos poucos, e possui três amigos que bebem igual a ele quase todos os dias. Também há Virginia, a única mulher do grupo, e Lacke é apaixonado por ela e ela por ele. Eles já tentaram morar juntos, mas não deu muito certo e ambos se encontram casualmente. Não quero falar muito porque senão eu conto Spoilers que acontecem logo nas primeiras aparições de Lacke e sua turma.
 O livro possui vários pontos de vista, POV, o que eu acho bom, assim a gente sabe tudo o que está acontecendo ao redor de todos esses personagens, Oskar, Eli, Håkan, Lacke, Virginia e alguns outros que possuem um ou dois POV somente, e também temos trechos de jornais, tanto físicos quanto eletrônicos ou televisivos. Mas o que mais me impressionou no livro foi o autor dizer coisas sobre bullying sendo praticado com o Oskar, o que me deixou um pouco incomodado e pensando como isso deva ser horrível para uma pessoa que sofre isso, e sobre a pedofilia, que em uma cena é mostrada como isso ocorre, uma cena realmente chocante e que tem que ter um estômago forte para isso, por que alguns seres humanos tem a capacidade de fazer isso e como essas crianças conseguem isso, realmente uma cena pesada e perturbadora; tudo isso sem pudor, a intenção de Lindqvist é chocar o leitor para dois maus que assolam a humanidade nos dias de hoje, o bullying e a pedofilia. Também temos que levar em conta as drogas que o autor coloca no livro, mas isso é nada comparada aos dos item citados anteriormente.
 O livro como um todo é incrível, com seus altos e baixos. Algumas cenas são intermináveis e maçantes, mas sempre vem seguidas de cenas incríveis com poucos detalhes mas que prende o leitor. Vale lembrar também que tudo ocorre no imensidão gélida de Blackeberg e seu entorno, o que dá um toque mais sombrio. Deixa ela entrar é um livro arrepiante, divertido, perturbador e sensível ao mesmo tempo, o que me fez gostar ainda mais. E se você tiver estômago forte, vale a pena a leitura.

 PS.: Não sei quais livros posso indicar se você gostou deste...

 Até mais.

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