25 de outubro de 2013

O Andarilho, de Bernard Cornwell

Sinopse: O Santo Graal, a Relíquia Sagrada da Cristandade, inspirou muitas obras-primas da literatura. Tornou-se o mais mítico dos objetos, imortalizado no imaginário de todo o mundo ocidental. Sua lenda é normalmente ligada às histórias de Artur e seus cavaleiros, mas, desta vez, a imaginação de Bernard Cornwell transporta a saga de sua busca para o século XVI, em plena Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França.
 O Andarilho é o segundo capítulo desta aventura, iniciada com o empolgante romance O Arqueiro. Após sobreviver à Batalha de Crécy, Thomas de Hookton, o valente arqueiro inglês, é enviado pelo Rei numa missão na qual teria de descobrir mais sobre o legado de seu pai, que parece ligado ao Graal. Mas Thomas acaba envolvido na luta contra um exército invasor e, nas fileiras inimigas, descobre que há outros na trilha do objeto sagrado. Homens que não se deterão diante de obstáculo algum. Thomas, então, volta à sua aldeia natal em busca de um indício que possa colocá-lo no caminho certo. E encontra pistas que o deixam sob risco ainda maior e que apontam novas direções para sua missão.
 Entre arqueiros, mercenários, reis, monges, guerreiros, cardeais, inquisidores, nobres e lindas mulheres, Thomas atravessa a Europa e leva os leitores deste romance em uma viagem inesquecível pelo século XVI. Cornwell confirma com O Andarilho a reputação conquistada com sua releitura das aventuras de Artur e seus cavaleiros. Um livro apaixonante sobre um dos períodos mais conturbados da história inglesa.

 A opinião que se segue abaixo pode ter alguns Spoilers do livro anterior e desse. Mas evitei colocar informações de grande importância. Você foi avisado.

 Opinião: O Andarilho é o segundo volume da trilogia "A Busca do Graal", como já disse na sinopse. Para ler a resenha de O Arqueiro clique aqui. Não sei muito bem por onde começar, esse livro tem novos personagens, que são bem interessantes, como o padre Bernard de Taillebourg, e seu criado; Sir William Douglas, Robbie etc. Mas também temos os velhos, Sir William Skeat, Mordecai, Jeanette etc. Mas vamos começar com Thomas, o arqueiro mais querido da literatura, né Fernanda?
 Thomas de Hookton está, já no começo do livro, em Durham, norte da Inglaterra, perto da fronteira com a Escócia, e uma batalha está em andamento. Thomas, sendo inglês, não pode deixar de lutar em nome de Sua Majestade, o Rei Eduardo III da Inglaterra. Após a batalha ter terminado, e a Inglaterra ganhar por pouco, Thomas descobre que Eleanor, sua futura esposa, e o padre Hobbe, seu amigo, estão mortos. Eu não queria colocar isso aqui, mas se não colocasse vocês poderiam se perguntar o que aconteceu com os dois. Enfim, não acreditei quando li isso, não mesmo, não esperava isso. Se fosse o tio Martin quem tivesse escrito o livro eu ficaria esperando isso.
 Depois dessa pequena escaramuça, Thomas, junto com Robbie, um prisioneiro escocês, retorna à sua aldeia, Hookton (onde seu primo fez um ataque à quatro anos e meio, segundo Thomas), para tentar descobrir o que seu pai fez com o Graal. Mas enquanto ele está indo para Hookton, outras pessoas o estão seguindo, mas para o lugar errado. É ali em Hookton, em em Durham, que Thomas sabe mais um pouco sobre seu pai, o padre Ralph Vexille. E após um tempo, ele e Robbie seguem para a França. Thomas está mais religioso nesse livro. Mas sempre suspeita se o Graal realmente existe.
 Robbie é um bobo, se apaixona por tudo "que tenha peitos", segundo Thomas. Robbie acaba fazendo uma amizade com Thomas, mesmo ele sendo um escocês e Thomas um inglês. Ri um pouco com Robbie, ele é um personagem que eu espero ver de novo em O Herege.
 Alguns personagens tem alguns "lapsos (não achei palavra melhor) de capítulos", como o Cardeal Arcebispo de Livorno, que trama, junto com de Taillebourg, em como conseguir o Graal, e também ele sonha que conseguir o Graal é apenas uma etapa para ele sentar no Trono de Pedro, que está em Avignon, e o cardeal arcebispo pensa em levá-lo para Île de la Cité, em Paris, e transformar a Catedral de Notre Dame na nova Basílica de São Pedro, mas isso não é tão importante assim na história. Outros personagens tem "capítulos" assim, mas agora não lembro, desculpem.
 Bernard de Taillebourg é um padre francês que está atrás do Graal também, com ordens do Santo Padre. Ele aparece no começo do livro em Durham, junto com seu criado, que não vou falar quem é porque é uma pessoa importante na história. De Taillebourg é um Inquisidor da Igreja Católica, e tem uma parte em que ele faz seu trabalho no livro. Essa foi uma parte interessante de se ler, porque quando ele fala da Inquisição e de Deus, na época você acabava acreditando no que ele falava. Como na passagem a seguir: "A Igreja nos dá autoridade para interrogá-lo (...), mas na sua infinita misericórdia ela também nos ordena que não derramemos sangue. Podemos usar a dor, na verdade é nosso dever empregar a dor, mas tem de ser dor sem derramamento de sangue. Isso significa que podemos usar o fogo (...) e podemos apertá-lo e podemos esticá-lo, e Deus irá nos perdoar, porque isso será feito em Seu nome e a Seu santíssimo serviço." p.347-348. Não só isso, tem mais coisas, mas isso na época acabava convencendo as pessoas de que a Inquisição era uma coisa boa.
 Eu não quero falar muito senão acabo dando spoilers sem querer. Para terminar quero fazer alguns comentários. Artur é citado de novo nesse livro. É descrito o arco de Thomas, e ele é muito legal, quero um. Os Cavaleiros do Apocalipse também são citados, e a descrição é bem feita por Thomas. Alguém, que não lembro quem foi, acho que foi Sir Guillaume, fala que Calais é o c* da França, por ficar em uma região pantanosa. A descrição e o funcionamento de um trabuco é muito bem feita por Cornwell. As arqueiros correndo do escoceses no começo do livro nos faz parecer que estamos que estamos realmente em Durham.
 Bem, é isso. Mais uma vez gostei de um livro do Bernard, e como não gostar? (A exceção, para mim, foi O Forte, não que eu não tenha gostado, mas ele é um pouco confuso de se ler). Thomas e os personagens secundários são muito bem construídos e a escrita é tão boa, que parece que você está lá, batalhando junto com o arqueiros da Inglaterra. O Andarilho é um livro muito bom, e poucos autores conseguem fazer o que Bernard faz. Uma trilogia que recomendo.

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