23 de março de 2014

Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

 Sinopse: Um motorista, parado no sinal, subitamente se descobre cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos vão se descobrir reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.
 O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.
 Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, face à pressão dos tempos e ao que se perdeu - "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".

 Aviso: Tentei evitar ao máximo colocar Spoilers, mas talvez tenha um ou outro. Você foi avisado.

 Opinião: Eu demorei muito, mas muito mesmo para fazer esse post, motivo: eu não sei como passar minha opinião para vocês que estão lendo, porque o livro marcou-me de um jeito que nenhum outro tenha marcado, exceto Harry Potter e As Crônicas de Gelo e Fogo. Eu demorei a ler esse livro não porque seja maçante, mas é que a escrita de Saramago é um pouco complicada e a ortografia é a vigente em Portugal (mesmo com o Novo Acordo Ortográfico dos países de língua portuguesa), Saramago escreve como se estivesse contando a história em um círculo de amigos em uma fogueira numa noite, então, às vezes, eu me perdia quem estava falando ou onde terminava uma frase de um personagem, e eu tinha que voltar o parágrafo (e são parágrafos grandes, de duas páginas ou mais) e reler tudo com calma para entender, mas no final do livro eu já tinha pegado o estilo de escrita e fluiu muito bem.
 A história começa com um motorista que fica repentinamente cego dentro do carro em um sinal, e assim tem-se o primeiro cego. Um homem o ajuda e o leva para casa, mas rouba o carro. Quando a mulher do primeiro cego chega em casa, ela o leva para um oftalmologista. Na recepção possui algumas pessoas antes dele, mas ele é atendido primeiro. O médico não consegue ver nada diferente nos olhos do primeiro cego e o manda para casa. O Governo ao saber dos casos começa a tomar medidas necessárias para que a doença, ou seja lá o que for a cegueira branca não se espalhe, ele manda todos os infectados e os com risco de infecção para uma quarentena em um antigo hospício desativado há muito. Mas a cegueira branca se espalha do consultório para a cidade, o país e talvez até para o mundo inteiro, mas não sabemos se o mundo também está assim. A única pessoa que teve contato com cegos e não ficou cega é a mulher do médico. Mas ao chegarem no manicômio, os cegos não possuem ajuda de ninguém do mundo exterior, só recebem a comida e nada mais. Essas cenas mostram como o ser humano tem medo daquilo que desconhece, os guardas chegam a matar se sentirem-se ameaçados pelos cegos.
 Vocês já devem ter percebido que eu não coloquei nome nos personagens porque o próprio Saramago não dá nomes aos personagens, e isso até mesmo um personagem fala no livro que não importa nós sabermos os seus nomes. Cada um lerá o livro de uma forma diferente, eu o li com um olhar focado na essência humana e o que o ser humano é capaz de fazer para sobreviver. Eu não o li como um livro de ficção como ele realmente é. Há poucos diálogos no livro, mas as reflexões sobre a essência humana que Saramago faz são incríveis (meu livro está com mais de 25 post-it colado). Os personagens, mesmo sem nomes, são muito bem construídos. E o final, o último parágrafo, que é pequeno, é o melhor que eu já li até hoje, depois de O Trono do Sol - A Magia do Anoitecer. Não vou prolongar muito esse post, acho que tudo o que eu queria dizer já foi tido. Um dia eu irei reler e voltarei para dar de novo minha opinião e vamos ver se será igual a essa.

5 comentários:

  1. Oi Vitor!

    Eu só li Memorial do Convento dele, e fiquei com uma vontade imensa de conhecer Mafra, em Portugal (quando voltar pra lá, vou visitar), e se lesse com um lápis na mão, ia corrigindo toda a pontuação, que me deixou louca. Mas Memorial do convento é uma história muito legal também, se puder leia.

    Beijos!

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  2. Oi Vitor!

    Eu só li Memorial do Convento dele, e fiquei com uma vontade imensa de conhecer Mafra, em Portugal (quando voltar pra lá, vou visitar), e se lesse com um lápis na mão, ia corrigindo toda a pontuação, que me deixou louca. Mas Memorial do convento é uma história muito legal também, se puder leia.

    Beijos!

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    1. Fernanda, eu tenho uma meta de ler todos os livros do Saramago antes de morrer (visando que eu vou morrer com uma idade mais avançada). Eu pretendo ler uns 4 livros dele por ano, vamos ver se consigo.

      Beijos!

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  3. Eu só vi o filme, como você disse... É difícil ler Saramago. Tem um tempinho já que to lendo as intermitências da morte... É ótimo, só é complicado rs.
    bjs
    http://letrasdanana.blogspot.com.br/p/httpwww.html

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    1. Mariana, eu comecei a ver o filme mas não terminei, não gostei muito, mas um dia pretendo terminar de ver. Saramago é difícil de ler, mas como eu disse, com o tempo você se acostuma. As intermitências da morte é um dos próximos livros dele que eu pretendo ler.

      Abraços!

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